Proposta Pedagógica
O Bando de Brincantes é um coletivo de arte que realiza espetáculos, livros, CDs, oficinas, palestras e performances. O termo brincante remete ao atuador dos folguedos populares, fonte de inspiração para trabalhos do Bando, em diversas ocasiões. Além disso, há a referência à brincadeira, ao jogo, à criatividade. Bando remete a um aglomerado de gente, organizado de forma nada convencional. Assim, há brincantes de diversas áreas, com funções diferentes, participando de projetos distintos. O Bando de Brincantes tem a convicção de que o mundo lúdico é fundamental ao ser humano em todas as fases da vida. Na infância, a arte e a brincandeira são indispensáveis ao desenvolvimento psíquico, cognitivo, motor e emocional das crianças. O gosto da descoberta, o desafio da criação, a adrenalina do jogo são fontes de sabedoria e de prazer. A proposta do Bando de Brincantes parte de uma reflexão sobre a importância dos espaços imaginários na constituição do ser humano, com a proposição de atividades que instiguem, emocionem, divirtam e desafiem os sentidos.
Sobre os espetáculos Nos espetáculos para crianças, buscamos material no universo lúdico infantil, recriando livremente, seja partindo de cantigas e brincadeiras folclóricas, seja do jogo direto com as crianças e, em geral, das duas coisas ao mesmo tempo. Enquanto artistas adultos, acreditamos que é preciso buscar estar em sintonia com a criança para falar a sua língua, compreendendo que o pensamento infantil é extremamente complexo, simbólico e encantador. É preciso não subestimar a criança e, ao mesmo tempo, respeitar seu estágio de desenvolvimento e, principalmente, perceber que a forma de compreensão do mundo na ótica infantil é bastante distinta da adulta. O universo infantil é rico em associações e possui uma capacidade imaginária com uma lógica distinta da percepção adulta, por vezes, excessivamente pragmática e objetiva. O Bando reconhece que a responsabilidade pedagógica é inerente a toda e qualquer obra artística e, por isso, busca criar espetáculos instigantes, divertidos e que despertem a criatividade. Procuramos evitar as longas narrativas repletas de subjetivações que se tornam inacessíveis à percepção real da criança, mas que, por vezes, contentam os adultos por verem seus filhos repetindo lições de moral que, de fato, são completamente alheias à capacidade de reflexão da criança. Acreditamos que uma criança precisa se reconhecer enquanto sujeito na construção das ações e ideias, precisa perceber a mutabilidade das situações, precisa ter amor, carinho e exemplos. Não é com discursos subjetivos que vamos formar um adulto feliz e preocupado em ser um cidadão responsável. Muito menos será por meio desse discurso que faremos uma criança feliz hoje, pois sua auto-estima não é valorizada ao manejar conceitos impróprios à lógica do pensamento infantil. Uma criança feliz hoje e um adulto responsável amanhã precisam de muitas coisas, uma delas, de importância fundamental, é o acesso à arte, para que possam reconhecer a relatividade da vida e o papel protagonista que podem ter criando e recriando as distintas situações da vida. Assim, nossos espetáculos procuram convidar a criança a participar ativamente, alertando todos os sentidos e inteligências múltiplas, em um envolvimento imaginário, cognitivo e afetivo. A intenção é que a criança reconheça uma maneira familiar de observar o mundo, por meio de associações diversas e sinta-se à vontade para dialogar com a obra sem a preocupação de encontrar uma mensagem “certa”, mas construindo, internamente uma rede de percepções ampla, fundamental para a fruição do prazer estético e para o desenvolvimento de uma pessoa criativa e crítica. Não acreditamos que é necessário rotular os espetáculos teatrais rigidamente, como os brinquedos que vêm cheios das normas de como utilizar corretamente, impedindo a criança de criar. Nossa proposta é compor os espetáculos de forma que respeitem e não subestimem as crianças, podendo, ao mesmo tempo, interagir de distintas maneiras conforme o momento de desenvolvimento de cada uma. Vale salientar que quando falamos em “participação ativa” da criança, não nos referimos aqueles momentos que o público responde a perguntas cujas respostas estão previamente implícitas na questão ou são incentivados a gritar sem parar. Uma plateia de crianças em silêncio (sem ser forçada a isso) é um dos maiores indícios de participação ativa do público: decodificando, preenchendo lacunas, recriando... A intenção do Bando de Brincantes é trabalhar com proposições lúdicas que respeitem a integridade intelectual e a percepção sensorial das crianças, por meio de construções visuais, sonoras e narrativas. Dessa forma, é possível explorar as potencialidades criativas, artísticas e comunicativas e divertir no mundo da imaginação. Sobre cursos e oficinas Em seus cursos e oficinas, o Bando de Brincantes propicia a vivência de diferentes linguagens artísticas, buscando potencializar as habilidades e apresentar desafios. Durante as oficinas artísticas é possível refletir sobre como aplicar um trabalho criativo e expressivo junto às crianças, respeitando as diferentes fases de desenvolvimento. As oficinas do Bando de Brincantes trabalham com a unificação do sujeito fragmentado da realidade contemporânea. Hoje em dia, as facilidades tecnológicas e a supervalorização das inteligências intelectuais em detrimento das inteligências físicas, ocasionam a construção de pessoas com uma auto-percepção fragmentada, visto que suas capacidades humanas são desenvolvidas de forma completamente dissociada. Nossa proposta trabalha o indivíduo como um todo, pois, ao desenvolver habilidades extracotidinas (oficina de arte e expressão, de técnicas circenses, de teatro, de música, de criação e contação de histórias, etc.), a pessoa pode desenvolver uma nova percepção de si mesma e criar novas formas de expressão. Além disso, a relação das diferentes artes (circo, música, teatro, etc.) trabalha com a ideia do fantástico, instiga o lúdico e provoca o desenvolvimento das capacidades criativas. Assim, esse ser curioso, criativo e dinâmico descobre que as regras são boas para organizar as idéias, mas não são inquestionáveis e imutáveis. Dessa forma, quando aprendem os fundamentos das técnicas, estão aptos a fazerem suas pŕopŕias criações, estendendo essa percepção de autonomia criativa às demais áreas de suas vidas. A improvisação nas artes trabalha com o risco, com a incerteza, com a dúvida. Dessa forma, dilata os sentidos, desafia, instiga à pesquisa, à experimentação, estimulando o desejo de dissecar cada informação para reconstruir o seu processo criativo e recriá-lo, compreendendo-o profunda e particularmente, para poder acessá-lo a qualquer momento, nas mais diversas situações. Buscamos trabalhar a criatividade e a expressividade utilizando recursos do teatro, da música, do circo, exercícios de coordenação motora, contação de histórias, integração grupal e jogos de imaginação. As atividades buscam motivar a curiosidade e valorizar as habilidades de cada um, para que os oficinandos e os orientadores de cada oficina possam desenvolver o trabalho a partir do interesse pessoal e das habilidades particulares de cada um. Percebendo que todos têm limitações e facilidades, há a valorização da diversidade, incentivamento a troca de conhecimento e de experiências, seja em grupos de educadores, crianças ou adolescentes.
Os livros do Bando de Brincantes propõem que haja uma interação entre o adulto mediador e a criança, possibilitando inúmeras percepções do trabalho a cada leitura. Não existe a intenção de que os livros sejam apreciados do início ao fim em uma primeira interação com o material. Acreditamos que os livros não são bolachas para serem devorados e digeridos em uma única vez. Procuramos criar jogos de palavras e distintas possibilidades de percepção, desde o conteúdo e a sonoridade até as ilustrações e a organização gráfica, para que o material possa ser revisitado inúmeras vezes, com distintas proposições. É importante salientar que esses materiais exigem a participação ativa de um adulto, o qual, não deve conduzir a criança, mas viabilizar que ela dialogue com a obra, sem um direcionamento rígido, mas com a maleabilidade do sábio que aproveita para sugerir e facilitar em um diálogo respeitoso com as ideias infantis. Nossos CDs buscam trabalhar com distintas sonoridades e com composições que valorizem as descobertas infantis e sua forma lúdica de perceber o mundo. O programa de rádio DING LING RATAPLÁ tem o objetivo de ampliar o repertório oferecido às crianças, divulgando diferentes trabalhos, priorizando as criações de artistas gaúchos. Em 2013, lançaremos o programa de TV RATAPLÁ BOM POM - Um programa de TV pra brincar junto! O programa será realizado com a filmagem de brincadeiras com crianças de diferentes idades, junto aos brincantes. Em uma sequência criada por meio de poemas e músicas, a cada programa, um objeto inusitado sairá de dentro de um livro especial, convidando para uma nova viagem pela imaginação. O trabalho será, inicialmente, veiculado pela internet, com o objetivo de apresentar um pouco do trabalho artístico do Bando às inúmeras pessoas de diferentes cidades e países que acessam nosso site, além de propiciar uma forma de criação para televisão, diferentes dos padrões convencionais.
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